E na janela aberta ela pensou muito bem no que digitar ao se despedir. Primeiro digitou as palavras que primeiro surgiram a sua cabeça:
“Boa noite, meu amor. Durma bem. Eu te amo...”
Quase apertou a tecla enter, pensou melhor. Apagou. Aquilo já não soava tão conveniente, a despedida estava melosa demais para eles, pelo menos naquela situação.
Sempre fora assim, carinhos e sentimentalismo barato aos montes, mas em algum momento, ela não sabia qual, tudo havia mudado. Numa bela tarde ele decidiu que cada um seguiria seu caminho, ela aceitou, mas não foi bem assim. As verdades deles foram se cruzando a cada esquina, até que um beijo os uniu novamente, em carne. Em coração, ninguém sabe por que, mas nunca mais. Eram totalmente diferentes quanto aos sentimentos, nunca mais foram feitas declarações de amor, em público ou em uma tela de celular. Era só isso, carne, sem amor.
Ela apagou o que escrevera, pensou melhor no que escrever. Pensou e pensou. Infelizmente, ela não sabia o que escrever, nada soava conveniente. Ela temeu, talvez nunca mais nenhuma palavra soasse conveniente para eles. Até que ela resolveu deixar as melhores palavras que tinha, se esforçou e conseguiu.
Apenas o silêncio, nenhuma palavra.

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