Hoje eu estive pensando, pensando até demais. Pensei em tantas coisas, pensei no que não devia pensar, pensei no que devia e foi pensando que eu esbarrei na gavetinha de memórias. Um assunto foi puxando o outro e quando eu reparei estava lembrando a minha infância. Não, eu não sou tão velha a ponto de ficar lamentando, mas já tenho minhas crises nostálgicas.
Estava lembrando uma época, que segundo minha mamãe, não era tão boa assim. Nossa família não tinha carro, mas meus pais sempre faziam questão de nos levar para passear pelo nosso Estado, juntávamos com o vizinho da casa da frente, alugávamos um carro grande, um motorista e lá íamos nós. Lembro que um dia fomos para um desses balneários cheios de gente, fiquei morrendo de medo. Um homem com cara de bandido mexeu com a filha do vizinho, o vizinho com muita raiva, foi defender a filha e o cara ameaçou mostrando uma faca. Eu fiquei paralisada de medo. Nós viemos embora, e já na estrada eu cismei que o cara estava no carro que vinha atrás, por que? O carro estava “nos seguindo”. Não, era só um carro normal, vindo por uma BR normal e uma criança chorando de medo.
Na minha mente, tudo era mais simples. O carro estava seguindo e pronto. Não pensei na possibilidade de ser um homem indo para a Capital também, na possibilidade de ser qualquer coisa menos o sujeito mal encarado. Era tudo simples, era ou não era. Eu não me perdia em talvez.
Não sei em qual momento tudo passou a ser mais complicado para mim, tenho saudades da minha facilidade em decidir as coisas, em escolher. Eu pensei em resgatar isso, mas logo fui frustrada, tentei e não consegui ficar uma tarde respondendo perguntas sem antes cogitar mil e uma possibilidades, não consegui ficar sem os meus talvez. Sei que devemos sempre pensar bem antes de tomar qualquer atitude, mas, viver a vida em talvezes machuca a simplicidade de infância, às vezes, parece tão magnífica, tão extraordinária e ao mesmo tempo, é simples.
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