quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Laços


Durante nossa vida, várias pessoas entram, várias pessoas saem. Essa é a lógica, é impossível ter alguém pra sempre enquanto vivermos nessa terra. É maravilhoso quando alguém entra na nossa vida, quando essa pessoa nos conquista e ocupa seu espaço. Independente do tipo de amor, de namorado, de amigo, de familiar. É realmente maravilhoso.
O ruim mesmo é quando alguém com quem criamos um grande laço tem que sair.

Dependendo da intensidade dos seus sentimentos, isso vai te machucar. Eu nunca esqueci um trecho de O pequeno príncipe, que li quando criança ainda, e ele dizia: A gente corre o risco de chorar quando se deixou cativar. Eu nunca entendi muito bem toda a história da raposa sobre criar laços, li depois no inicio da minha pré-adolescência, li na minha adolescência, e não entendia a história. Eu só sabia de uma coisa, pela história, eu era uma pessoa grande. Há exatos cinco meses, depois de prender o choro mais forte que tive até hoje, cheguei em casa e peguei esse livro para ler, estava tentando esvaziar minha cabeça. Foi quando eu entendi tudo.

Passei a me identificar com o que o pequeno príncipe dizia, percebi, que ainda sou uma criança, não gosto de número, gosto de borboletas. Entendi como os laços funcionam, e ao ver o meu pequeno amado se despedir da sua rosa, derramei algumas lágrimas.


- Adeus, disse ele à flor.

Mas a flor não respondeu.


- Adeus, repetiu ele.


A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.


- Eu fui uma tola, disse por fim. Peço-te perdão. Trata de ser feliz.



A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, inteiramente sem jeito, com a
redoma no ar. Não podia compreender essa calma doçura.



- É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de
nada. Isso não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Trata de ser feliz. . .

(...)


- Não demores assim, que é exasperante. Tu decidiste partir. Vai-te embora!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...

Há um trecho no livro que diz que a gente sempre se consola. Não importa o quanto a pessoa é importante, a gente consola. Lembro que ao ler isso no dia, gritei ao livro que não me consolaria.


Não me consolei ainda, mas talvez seja verdade. Há dias que a gente chora muito se lembrando daquela pessoa, que a saudade não deixa sair da cama. Mas há dias que nem nos lembramos daquela pessoa, nem notamos sua ausência. É assim. Eu demorei muito pra entender como isso funciona, demorei muito pra parar de me culpar e me machucar como forma de castigo.


Não é que eu a ame menos, muito pelo contrário, mas acho que ela se sentiria feliz ao me ver sorrindo. Creio que ela não quer ver sua formiguinha chorar. E não quero ver a minha derramar lágrimas. Nada me partiria mais o coração.

Devemos ter a atitude da raposa, ela chorou, mas se manteve feliz. Ela ganhou a amizade do pequeno príncipe, que sempre se lembrará dela, e ela dele. Porque somos eternamente responsáveis pelo o que cativamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário